novembro 18, 2004

AQUI ESTOU NOVAMENTE, GUILHERME SEREI

Nesta quarta-feira tive dúvidas e incertezas, sofrei em demasiado com isso, porém aparentei estar Zen, como geralmente consigo. Novamente apareceu alguém com a chave que abre os portões do meu ser, esta pessoa é muito especial, uma valorosa amiga que me ouve e que fala. Mais uma vez o portador da chave falhou em sua missão, minhas portas continuam trancadas, lacradas e impenetráveis.
Creio que a pessoa possa ter tido um vislumbre momentâneo do que havia dentro de mim e preferiu se afastar, levando consigo a chave. A chave deve reaparecer agora nas mãos de outras pessoas, uma escolha aleatória, nunca saberei quem é até que a encontre e comecemos a conversar.
Levantei recordando-me da minha ex, sinto muito a falta dela, tenho saudades das pequenas coisas que pensei não ter visto, mas vi. Pensei não ter valorizado, mas valorizei. Entretanto há algo que nos separa, um grande abismo, algo monstruoso e intransponível até o presente momento. Redigi um e-mail para ela, apaguei e rescrevi incontáveis vezes, não consigo mais escrever a ela por temor. Não um mero medo de rejeição, de receber outro não, não é só isso, tenho medo de causar ainda mais dor, tanto a ela como a mim. Por fim, não mandei o e-mail, passei o cursor diversas vezes pelo pequeno botão de enviar, mas não tive coragem de apertar o botão do mouse e acionar o comando.
Chamem-me do que quiserem, pensem o que quiserem de mim, falem o que desejarem de mim, mas não me julguem, pois nenhum ser humano tem o poder de julgar, somos todos iguais, cada qual em sua função, mas sempre iguais.
Pensei em escrever para uma amiga nossa em comum, mas as palavras pareciam ainda mais estranhas. Não vinham com a fluência que aparecem agora que escrevo aqui, neste local. Estranho como a sensação de segurança através da omissão da minha real identidade é capaz de permitir que eu faça isso. Serei eu um louco? Serei eu um doido? Não, creio que não (se bem que dizem os psicólogos que a negação é um fator de peso numa avaliação), mas prefiro pensar que ainda resta lucidez em minha mente e esperança em meu caminho.
As sombras estão longe de mim, mas não descansam e não param de tentar me dominar. Meu brilho não está mais tão intenso, já não me sinto tão acolhedor como fora antigamente.
Estou me transformando, essa transformação consome muito de mim. Não vejo o fim do túnel, talvez porque esteja de noite e a minha luz não esteja tão forte. Mas estou tentando o bem praticar, criando esperanças dentro de mim, auxiliando pessoas desconhecidas, mesmo que o fim não seja completamente autruista.
Seria muita pretensão minha querer ajudar alguém a se entender, se eu mesmo me questiono quem eu sou? Estaria eu fazendo o bem a essa pessoa, ou simplesmente crendo que estou? O caminho aqui se trifurca e não vejo o fim em nenhuma das três estradas que tenho de escolher. Meus instintos estão desligados, minha mente apagada e apenas meu corpo e espírito restam para tomar um decisão. Não sei para onde devo seguir, mas sei que não posso aqui ficar, devo seguir adiante, em frente, pois não há como voltar.
Eu vejo hoje a vida como um labirinto, onde começamos em seu centro e nada temos em mãos para marcar os caminhos. Apenas nos resta confiar em nós mesmos, em nossa intuição e memória para viver este desafio. Não, o labirinto não é sombrio, pelo menos não como um todo. Existem trechos iluminados e agradáveis, mas existem locais e caminhos que são escuros e frios. Cabe nós escolher qual deles trilhar, uma escolha errada e podemos conhecer os horrores que podem brotar da vida.